terça-feira, 23 de junho de 2009

Conto – Bicho de 7 cabeças


As lembranças ainda estão congeladas na minha mente, conservadas pelo amor orgânico de inúmeras cadeias de carbonos enfileirados. Parece que foi ontem que a vi pela primeira vez, a lembrança sentida e exalada pelo seu doce cheiro, o presságio verdadeiro da vida irradiada em seus longos cabelos negros.
Estava eu sentado no tradicional bordel da cidade, onde eu era considerado pela grande maioria um rei, por causa do alto valor que meu dinheiro tinha e ainda tem. Talvez nem só de dinheiro minha alma seja composta, digo sem hesitar que o dinheiro é o meu segundo maior enfeite, pois minha nobreza não se fez apenas em incontáveis cédulas e sim nas ventosas curvas de meu corpo e no resplendor de alva que cisma em brilhar nos meus olhos azuis.
A “luxúria” se fez em mim vistosa e atraente, era a porta para me levar á outros corpos perfeitos, era a fórmula para deixar mulheres loucas de desejo, e dentro de um tempo leva-las ao exercício do suicídio. De fato, não existia nenhuma mulher que não se deslumbrasse, que não se atirasse em meus braços e que não queira morrer de amor por mim.
Todas às noites antes de sair para as minhas noitadas de sexo promíscuo, sempre me vestia com os meus mais luxuosos ternos, e sempre me olhava em frente ao espelho vangloriando-me em certo tom “soberbo”, para ter ainda mais convicção de que eu era a obra perfeita, esculpida e estruturada pelas mãos santificadas de anjos.
Na noite em que a conheci, eu usava um lindo terno de linho branco, comprado por um renomado estilista francês da época, usava uma cartola da mesma cor dando ainda mais charme e fazendo crescer ainda mais a minha superioridade e a minha amarga arrogância.
Milhares de mulheres passaram pelas minhas mãos, inúmeras tiveram o deleite de sentir-me na cama. Algumas procuravam respostas. Como alguém pode ser tão lindo, rico e ainda por cima ter um apetite sexual tão intenso? Outras preferiam se enganar achando que minha “gula” é algo referente ao amor que eu supostamente sentia por elas.
Eram assim os meus dias e minhas noites quererendo ter sempre mais e mais, nunca me contentando com o que já tinha, cobiçava até as mulheres de meus saudosos amigos admiradores. Vivi assim sem controle e sem nenhum impeto para pensar em temperança.
Eu fazia crescer o amor em minhas queridas mulheres com se fosse nada a mais do que figuras de linguagem, aproveitava-me de minhas prostitutas mostrando o quanto era honroso para elas ter o prazer de dormir comigo. Apesar de ser rico, raramente as pagava, a “avareza” era um tipo de jogo meu. Pra que pagar se posso ter tudo de graça? Afinal, não quero ser um desses bobos que perdem todo seu dinheiro com jogos e com mulheres profanas. Faço dos meus bens materiais um certo tipo de idolatria, julgo meu dinheiro como se fosse um Deus que me consola e me da alegria na minha vida mundana.
Além de não paga-las, muitas vezes por “preguiça” dormia em suas camas até altas horas da tarde do dia seguinte, impossibilitando-as de ter um dinheiro a mais. Eu confesso que sou a morosidade em pessoa, nunca trabalhei e tenho aversão a essa palavra, vivo pra dormir e minha vida é relativa ao ócio do ofício.
Na noite do ocorrido, sentei-me defronte ao palco do bordel, no meu lugar cativo de todos as noites. Gostava de sentar ali, pois tinha uma visão privilegiada das donzelas, o que estimulava ainda mais minha libido. Soube a pouco tempo antes de me sentar que havia uma apresentação de uma nova mulher, fique aguardando ansioso para ver minha nova admiradora, minha nova aquisição.
As cortinas iam se abrindo vagarosamente, e meu olhar era compenetrado. Abriu-se a cortina por completo... Nunca tinha visto mulher como aquela, uma linda dançarina de flamenco com os cabelos negros como a noite, com olhos castanhos de uma firmeza única e exemplar. Seu vestido era vermelho e percorria por todo o seu corpo, deixava apenas um decote amostra, por onde eu podia sentir a quentura do seu corpo, era ali o caminho por onde todas as cores se acentuavam em um tom desconhecido até então no meu espirito.
O violão tocava, enquanto seu corpo bailava em um luzir de desejo, as castanholas eram a musica que impulsionavam as batidas do meu coração. Naquele dia eu tive a certeza que tinha encontrado o amor.
Nenhum dos meus amores pagos podia ser comparado com ela, à linda dançarina de flamenco. Pela primeira vez na minha vida me senti pequeno em frente a uma situação, a voz pigarreou em minha garganta e não conseguia fazer-lhe demonstrações de afeto, eu havia encolhido perto daquela honrosa dama.
No término da apresentação permaneci imóvel, estava sem ação e não conseguia disfarçar o júbilo da paixão imposta repentinamente em mim. Quando ela desceu do palco, deu um grande beijo na boca de um homem gordo, feio e careca. Como podia aquilo ser verdade?
Fui tomado pela “inveja”, minhas qualidades eu havia ignorado e passei então a admirar com olhos de louco o crescimento espiritual do meu adversário. A “Ira” foi crescendo dentro de mim e em um movimento quase instantâneo, dei-lhe um golpe certeiro no pescoço...
Minha Vênus saiu ligeiramente pela rua, e eu fui atrás dela disparado. Queria eu lhe dizer que a amava, segui erguido com meus olhos fixados nela, quase tropeçando pelos deslizes dos paralelepípedos. Agarrei-a pelos braços, beijei-lhe a boca e ela me disse que eu sou repugnante. Mesmo assim lhe beijava na penumbra da noite clara. Ela resistia a se entregar e a fúria foi crescendo dentro de mim, até que eu a matei também...
Meu amor por ela foi uma paixão melada de dependência e de submissão, vivo pensando em sua beleza e em seus beijos que ganhei roubado. De certa forma, com o tempo descobri que meu desejo pela dançarina não era amor puramente, pois ele podia ser definido e explicado. Minha vida depois do ocorrido continuou a mesma, e de todos os pecados que eu tenho em mim o pior deles é poder estar livre, na ambigüidade da palavra, é claro.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Conto - Se juntim nois dois drumisse

As rezas vinham diante da sua vida por todo o apelo do seu sofrimento, rezava sem parar para que Deus lhe ouvisse. Não queria mais ver o solo arenoso, nem as rachaduras infinitas que estavam penduradas pelos vãos ocultos da sua dor. A sua esperança havia morrido junto com o resto da vizinhança, a solidão pelo contrário do que eu imaginei não era seu maior dilema. A vida sim, impregnava-se com um aroma diferente, uma sensação amarga de ter obtido uma resposta pelo seu suposto castigo.
As pessoas fugiam com medo da seca, algumas fugiam levadas pelos anjos, outras preferiam morrer no inferno as bordas da linha do equador. Sua pele desmoronava tristeza, sua fraqueza física era evidente e cuidadosa, um disfarce da grande força escondida pelos belos vestidos da sua alma. Sua vida esvaíra em um processo paulatino, pois a fome gritava aos seus ouvidos surdos e a sede era o fio de uma morte anunciada.
Ele sempre viveu à base desse sofrimento, sempre a seca matou e destruiu o doce amor da permanência, o amor da prolongação da vida e de uma futura certeza confirmada com o olhar da sua experiência. Mas dessa vez era diferente a estiagem, ela se prolongava pelos meses à dentro, vinha com uma brutalidade que em todas as suas cinco décadas de vida jamais havia presenciado aquela tamanha destruição.
A árida paisagem não consolava nem mesmo aos mortos, nem mesmo Deus acreditava que pudesse alguém sobreviver naquele inferno, onde até os sonhos eram evaporados pelo calor presente naquela inapropriada realidade. Eram assim os seus dias, eram assim os seus meses, era a vida que corria fugida pra se consolar com a morte.
Deus não lhe ouvia, parecia ter lhe esquecido. Era apenas mais um abandono, uma tristeza absorvida e embrulhada em um papel celofane vermelho. Seus sentidos foram acumulados em uma caixa oca, sem vida, onde a dor de existir era seu maior sofrimento. Talvez de tanto sofrer seu coração tenha se tornado calejado, era fácil pra ele suportar mais uma dor, quando o que só ele via ao seu redor era o nada, onde o que sentia havia caminhado pelo caminho irônico da santificação.
À noite ele podia ficar perto de todos, olhava as estrelas em um balé de luz, mesmo não tendo certeza, queria encontrar seus filhos no luzir da lua, no paralelo de uma realidade diferente da sua, no crepúsculo da verdadeira felicidade.
A Revolta dentro de sua ignorância crescia. Por que ele? Já não bastava ser esquecido por todos? - Sua pergunta pairava no ar e a resposta era evaporada pelos raios do sol.
Uma decisão, seria o último dia que iria fazer suas preces, não iria direcionar sua fé a Deus e sim ao Diabo que combinava mais no inferno em que ele vivia. Feito e dito. Pediu ao Diabo a bendita chuva enquanto seus olhos se fechavam lentamente ao brilho da última estrela.
Quando acordou não via a cor da luz, enxergava uma escuridão formada pelas nuvens de chuva. Em todos seus anos de vida jamais havia visto um céu daqueles, um negro carregado de ódio, o desejo lúgubre realizado pelo seu lamentoso pedido. Levantou da cama e ficou desfrutando o ar gelado que invadia a única janela de sua casa, um pingo acertou-lhe a testa ferindo sua pele castigada pelo sol. Ele saiu de casa e correu feliz, rodeado pela chuva e grato pela nova vida que o Diabo havia lhe concedido.
Viveu assim, grato pela bondade do Diabo, nunca mais passou fome, havia até esquecido o que era a sede. Viveu muitos anos, até que a canção da morte cantou-lhe os ouvidos. Ele morreu tendo uma amarga ilusão, ele não tinha idéia que a chuva não foi coisa do Diabo e sim as lágrimas de um choro divino.

domingo, 14 de junho de 2009

Dormez vous

Acordei hoje com um tom de preocupação, meus olhos diáfanos queimavam ao radiar do crepúsculo do nascer do sol. Pigarreava a voz em minha garganta, doía à vida que eu tentava digerir.
Às vezes é tão fácil imaginar que a solidão provoca certos ares de insegurança. Minha vida é feita de uma solução de ácido sulfúrico, meu passado foi esquecido naquela outra passagem da canção. Tudo o que eu precisava é de um pouco mais de atenção, pois simples fatos podem mudar a menção de nossas vidas.
Sabe o futuro? Eu tinha feito um pra nós dois, viveríamos perdidos à deriva dos nossos próprios corpos. Seriamos mais do que paixão, nós transbordamos luz e resquícios de fuligem.
Toda vez é isso ter que digerir seu amor às avessas, ouvir e ficar calado, o passaporte de uma nova confusão. Não sei o que aconteceu com aquela promessa de amor que eu sentia no ar, nosso amor morreu com uma punhalada, um golpe de misericórdia com a ponta afiada pelo tempo.
Nossos corações morreram embriagados pelo esquecimento, nossa vida tornou-se um pandemônio, uma vertigem feita de amoníaco e caixas de bombom.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

O desacelerar dos meus olhos

Gastando minhas unhas, arrancando você da parede do meu quarto.
Respirando por um buraco no meu coração.
Meu cigarro fede a solidão e mesmo assim me sinto bem.
Dentro desse buraco já não posso mais ser salvo.
Da janela do meu quarto me ponho pra fora no mundo,
Me perdendo em sentimentos ao gotejar da chuva...
Aonde foi escrito, pra eu achar?
Do precipício dos meus sonhos eu me atiro em você.
Caio sufocado ao sentir que o esquecimento é só mais um detalhe na minha vida!
Os negros cabelos acariciados pelo perfume da doçura
O suspiro, a pausa da beleza, o desacelerar dos meus olhos e a franqueza do meu coração.
A loucura transpira pelo suor dos meus desejos
Já consigo ver meu amor do céu
Sendo separados por um feixe de luz
Meus dedos agonizam...
A nuvem negra fecha o caminho de luz desenhado pela lua
O vento corta minha pele como um aviso
Meu coração destrói o seu rosto...
Antes que a verdadeira você desapareça!

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Conto - De braços abertos sobre a Guanabara


Lembro-me daquele dia, é como se pudesse vê-lo diante dos meus olhos. Um flash avulso da minha velhice que vaga pelos delírios dos meus pensamentos.
O sol radiou por todo aquele dia fazendo minha pele chorar uma lágrima salgada. As nuvens pareciam recortes e sua forma no céu me lembrava algodões doces. Olhava para as nuvens e me vinha um típico apetite adocicado de criança desnaturada.
Eu estava perto de casa, brincava com minha bola de meia, o ultimo presente que meu pai me deu antes de falecer. A tristeza ainda reinava pela casa mesmo um ano depois do acorrido. Minha mãe vivia pelos cantos, chorando a morte de papai e muitas vezes se esquecia de mim. Porém não fazia isso por maldade.
Meu irmão mais velho tem sete anos a mais do que eu, na época ele trabalhava em uma loja que eu nunca soube muito bem onde ficava. Naquele momento de minha vida, talvez fosse à pessoa que mais me amasse, que mais se importasse comigo.
O sol ia se pondo e mergulhando sua esfera de fogo na imensidão do mar, as nuvens de algodão tornaram-se pretas, como aviso prévio da noite que vinha. Eu sabia exatamente que hora era aquela. Era à hora do meu irmão chegar.
Quando ele finalmente chegou abracei-lhe forte com amor, com a intenção de não solta-lo mais. Os dias eram solitários, minha casa era fria, todos estavam fortemente abatidos pela pobreza que nos cercava, e meu irmão jogou sobre as suas costas a responsabilidade de cuidar de mim e da minha mãe.
- Orlando, hoje, dia 12 de outubro de 1931 é um dia especial para o Rio de janeiro, é o dia que entrará para a memória de todas as pessoas, um dia de bondade e de paz para nós. – disse meu irmão sufocado pelo meu abraço.
Eu não fazia a mínima idéia do que ele estava falando, mas fiquei curioso e pedi que me levasse nesse local. Por sorte minha, era a sua intenção me fazer parte daquele dia especial e de certa forma proporcionar a história que muitos anos depois eu estou lembrando agora.
Descemos à ladeira da favela juntos, segurava-lhe a mão como se ele fosse meu super-herói favorito, como se fosse o meu pai que já não tinha mais.
A rua estava um alvoroço só, a alegria estava estampada nos rostos das pessoas. Voavam confetes e serpentinas, sobrava felicidade no coração de todos, transbordava a paz e uma conjuntura de sentimentos que na época não sabia como explicar.
Quanto mais andávamos mais pessoas surgiam, parecia um formigueiro humano, as ruas não eram grandes o bastante para acomodar tantas pessoas. Apertei ainda mais a mão do meu irmão e fomos cortando a fila, nos espremendo pelos buracos vazios que forçávamos para tentar conquistar.
Fomos penetrando ágeis e ligeiros como espermatozóides a procura do óvulo da mulher amada, até que... Nossas mãos escaparam, fugindo do elo de uma amizade sem fim. Meus olhos derramavam desespero, minha alma despedaçou e cai em um mundo de tristeza, pois meu irmão havia sido engolido por um mar de gente e eu estava sozinho ao lado de milhares de pessoas.
Não o via mais, sentia-me literalmente perdido, meus ouvidos não ouviam e meus olhos não enxergavam, devido à lástima do momento. A festa não cessava, as pessoas riam, outras rezavam e eu invejando essa felicidade que me cercava.
Sentei-me no meio fio, chorava pelo lamento que minha vida havia se tornado, chorava por papai, por mamãe e pelo meu irmão agora sumido. Estaria eu sozinho pra sempre? Eu estava tomado pela tristeza, à arbitrariedade que eu vivia nos meus dias em casa.
Uma moça se aproximou de mim e me perguntou:
- Por que você está chorando?
- Porque estou sozinho, meu irmão sumiu e não sei para onde ele foi.
A moça que falou comigo naquela noite, era uma moça muito bem apessoada, uma mulher com olhos verdes, com uma bondade que se sentia, como se vazasse por sua alma. Uma mulher iluminada.
Ela me disse, que supunha pra onde meu irmão havia ido, e de fato para onde todas as pessoas queriam ir naquele momento.
Hoje, imagino que aquela moça devia ser muito importante na sociedade da época, pois as pessoas deixavam, abriam vãos pra que ela passasse. E fomos assim seguindo em frente.
Chegamos à frente de um morro muito alto, eram tantos degraus que meus dedos não conseguiam contar. Subimos com a esperança de encontrar alguém, uma longa jornada para cima, estávamos subindo para o céu.
- Mocinho, qual é o seu nome? – me perguntou a moça
- Meu nome é Orlando.
- Você sabe para onde estamos indo?
- Não, eu não sei.
- Vamos ver Jesus. - Respondeu ela.
Eu já tinha ouvido falar desse homem, era pra ele que mamãe rezava. Ela pedia pra ele força pra agüentar os dias difíceis, suplicava que a vida melhorasse, pedia benção e felicidade. Não sabia quem era ele, mas devia ser uma pessoa muito boa.
Fomos assim, de degrau em degrau subindo pela ladeira dos céus até chegar. Jesus estava lá. Todos inclusive eu, admirados pelo tamanho dele. Seus braços abertos acolhendo a todos, era o dia de sua inauguração. Ouvia algumas pessoas falando “Jesus é carioca, Jesus é carioca”. Seu tamanho era surreal pra mim, me sentia muito pequeno ao vão de suas pernas.
A moça despediu-se de mim, porém não me sentia mais só. Ajoelhei-me, como mamãe costumava a fazer, e fiz um pedido a Jesus. Queria que ele ouvisse minha mãe, que levasse os dias difíceis e que a felicidade se instalasse de vez em minha casa.
As horas iam voando, e eu continuei ajoelhado em frente à imensidão daquele homem, sem arredar o pé dali. Passaram-se horas e mais horas, até sentir um abraço quente. Era meu irmão, ele me pegou em seu colo e me levou as pressas embora. Chegamos tarde em casa, estávamos cansados e então dormimos.
No nascer do sol do dia seguinte, acordei para tomar café e ainda retirava as remelas depositadas em minha face, foi quando tive a surpresa de ver minha mamãe sorrindo. Um sorriso repleto de mudanças, um sorriso cheio de esperança. Coisa que ela não fazia desde a morte de papai.
Hoje dia 12 de outubro de 2008, enquanto sou carregado pela escada rolante a caminho do céu, já velho, cansado e enrugado pelo tempo, com oitenta e sete anos de idade, me ajoelho de novo, agradecendo a esse homem gigantesco pela ajuda e pela felicidade que ainda reina por todos os dias de minha vida.